segunda-feira, março 12, 2007

Chapeuzinho Vermelho na Linha Amarela

Caros leitores:

O texto abaixo é a colaboração de mais um... engenheiro, especialista em grandes obras de construção civil, o qual nos presenteou com a seguinte análise do trágico acidente nas obras da Linha Amarela do Metrô.
Ele será designado neste e em futuras colaborações, como: Mais um... engenheiro.
Chapeuzinho Vermelho na Linha Amarela

Passado já algum tempo, não temos a solução para o caso da Linha 4 do Metrô de São Paulo e nem os culpados de tal desastre. Como tudo no Brasil, os problemas não se resolvem e, ainda mais, são postergados até que o povo se esqueça. E como mero observador preocupado com a justiça de nosso país, arrisco dar um palpite sobre tal tragédia.
Sabe de quem é a culpa do acidente? É claro, a culpa é do contrato. Parece brincadeira, mas sim, a culpa é de um maço de papéis. Lógico que papel não fala, não ouve, mas carrega conteúdo. Conteúdo de suma importância para as partes envolvidas.
A engenharia brasileira, bem reconhecida no mercado globalizado, busca a atualização para se manter competitiva neste segmento. E nada melhor do que copiar e seguir modelos e paradigmas do primeiro mundo. Contratos de preço global “turn key”, modelos EPC “Engineer, Procurement & Construction” para gestão de projetos que consiste na total coordenação das atividades em empreendimentos como elaboração de projetos, construção, fiscalização, sistemas construtivos e de qualidade, ou seja, tudo mesmo é operacionalizado por quem apresenta o menor preço nas licitações. Não é de se estranhar que tudo é muito lindo e claro na teoria, mas será que funciona no nosso Brasil?
Para quem não sabe, obras grandiosas com esse mesmo tipo de contrato também apresentaram sérios problemas como Hidrelétrica de Campos Novos – SC e Complexo Energético Rio das Antas (CERAN) – RS, mas não houve divulgação pois não houveram vítimas fatais. Que hipocrisia, não?!!!
Costumo comparar este problema a outro exemplo determinante em nossa trajetória política. Nossa querida e amada “Democracia”, importada também de nossos primos ricos. Será que o Brasil está ou já esteve algum dia preparado para tal “Democracia”?
Como um povo, em sua quase totalidade analfabeta, consegue opinar alguma coisa ou escolher seus representantes políticos, se estes não têm interesse na evolução e desenvolvimento cultural de seu povo? Não existe interesse para investimentos na Educação, pois se a população estivesse preparada e educada, não escolheria os mesmos para representá-la.
Seguir exemplos e modelos que deram certo, nem sempre são as melhores soluções. Como na lenda de Chapeuzinho Vermelho, ir pelo menor caminho nem sempre significa seguir pelo caminho mais seguro.

2 comentários:

Anônimo disse...

O espaço público com a internet vem crescendo muito.
Apoio iniciativas como essa de chmamar ao debate especialistas no assunto.

Gustavo disse...

belíssima conclusão...