quinta-feira, abril 26, 2007

Escrita de si

Márcio Mariguela, psicanalista, escreve o seguinte email:"Oi Mais um,
para lhe ser franco é o primeiro blog que visito. O que é fascinante nesse espaço virtual é a possibilidade daquilo que Foucault nomeou como escrita de si. Parece-me que isso vc faz com estilo. Um abraço e boas férias."
Admito que pesquisei sobre o conceito da escrita de si, de Foucalt, e não entendi muita coisa. Alguém poderia me ajudar?

De onde vem essa onda?

De onde vem esse onda? / Essa praga da ansiedade que só estraga!

Desde o início da adolescência cometi pequenos poemas, projetos de romance e outros textos sem forma. Com um pouco mais de 20 anos, cometi uma série de contos que intitulei: “Estórias brutas e curtas de uma sociedade decadente”. Do título ainda gosto. Encaminhei para várias pessoas, obviamente, em busca de elogios, ainda que eu acreditasse que críticas seriam “bem vindas”.
Entre interessados idiotas e afins, havia aqueles perspicazes e um deles teceu comentários que muito me marcaram, e ainda hoje procuro entendê-los, e compreender minha reação à eles. Dizia, entre outras coisas, que meus textos eram como carros superpotentes acelerando numa pequena garagem. Havia sim, muito esforço, muita força para nada.
Uma outra analogia me vem à cabeça: Um cantor que se esforça, solta a voz, mas não vence a mediocridade de seu talento. Não?
Ora, cabe aqui ao leitor aborrecido um aviso: Escrevo este texto exclusivamente para mim.
Também me ocorre que me preocupo demais com o que pensam ou esperam de mim. Será por isso a“ força”, a insistência em escrever – para que me admirem?
Não sou cínico o suficiente para escrever coisas do tipo: “Escrever para mim é como respirar” ou “Escrever é minha terapia”.
Hoje não sinto mais tanta revolta. Eu passava dias, ou melhor, meses, revoltado com o comportamento dos outros, sua ignorância, hipocrisia, egoísmo, modismos, etc... Eu gritava, jurava que me vingaria de todos eles através da arte – mal sabia que não havia arte.