quarta-feira, dezembro 16, 2009

Mais umas impressões... - "falar de si"

Aspirar a ser escritor e o vício, a obsessão por algo que não se realiza. Um escritor há o que falar, um substrato interior se forma sobre determinada narrativa ou tema – mas as idéias não vêm e um ciclo de pensamento narcisista gira em torno da própria incapacidade indefinidamente. Por mais que se debata nada se realiza. Mas a obsessão persiste. Vem-me à cabeça a trajetória de minha vida em relação à atitude dura e de poucos incentivos com que meus pais me criaram. Fui colocado diante de minha vida de forma fria, dura – nada foi celebrado: não me lembro de um único aniversário em que tive uma comemoração, era mais um dia, e nada havia a ser celebrado. As triviais conquistas escolares e, posteriormente, profissionais também não mereciam qualquer importância. Posso dizer para resumir toda esta estória, que minha vida foi o contrário de uma vida acostumada a fatos lembrados como vitoriosos. Adquiri certa revolta direcionada às festas de aniversário, casamento e formatura a ponto de que me neguei a ir a minha própria formatura da faculdade. As pessoas comemorando algo que para mim era tão banal – idiotas formando-se na universidade de professores medíocres – mais um ano se passou e não há o que comemorar; vão casar, e daí? Mas há algo a se conquistar, algo quase inalcançável e que talvez só no fim estarei perto de... Ou então que se aceite o que se é, e a vitória haverá chegado quando o aspirante chega ao que se aspira simplesmente por alterar o objeto de aspiração pelo próprio fato de se aspirar e viver. Mas não está resolvido, pois a obsessão acaba voltando à tona, pois não possui o brilho precioso. O sonho de levar uma vida dedicada às artes, criando, e dedicando mais tempo à reflexão e ao estudo – estamos diante de uma ilusão fantasmática. Então decidi escrever sobre esta ilusão, e tentarei com todas as minhas forças não cair no ciclo vicioso de voltar a tentar, frustar-se X auto-reflexão sobre a incapacidade.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Anti-aforismo

Aceitar a nota da própria existência – aquilo que se pensa que é, que se desconfia, e o inescrutável.

sábado, dezembro 05, 2009

Aforismos de Piza

"Quem aposta em autoajuda dificilmente suporta a autocrítica"

quinta-feira, novembro 19, 2009

Sonhos de infância



Olhar esta foto deste garoto inocente me faz pensar naquilo que nos une - no que nos faz humanos: a despeito de milhares de coisas, o que primeiro me vem à cabeça são os sonhos que alimentamos. Talvez seja este semblante alegre e despretensioso que evoca os sonhos de toda infância.


sábado, outubro 24, 2009

Shock

Engraçado - escuto por aí que não se faz mais música como algumas décadas atrás. Ao mesmo tempo penso em como na era da abundância e do hedonismo elogios se tornaram... sei lá, algo fácil demais e focado nos prazeres mais mundanos. É o auge do prazer! Me acho até ridículo com desejo de elogiar alguma coisa.


Foda-se! Essa mulher é demais:





Há coisas que são: o-que-não-tem-nome - e delas gostaria de me ocupar!

quinta-feira, outubro 08, 2009

Mais umas impressões...

Um surto de pânico é um refluxo de preocupações!

Ah, vejo as pessoas preocupadas (e aqui me incluo) com o futuro – com tudo! Preocupadaspreocupadaspreocupadaspreocupadas. Pensando freneticamente como imagens de um videoclip qualquer. O comercial da tevê invadindo as intimidades aos gritos anunciando promoções – corra são as últimas ofertas. Os dedos clicando o pó dos desejos que se perderam em preocupações.

Essa doença - preocupação que embota nossa humanidade. Há um colorido desbotado no ar, um amarelo fraco, homens estressados e mulheres histéricas em busca de um falo qualquer...

Dizem que está tudo bem.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Tempo de crise

Eu tenho vida própria.
Eu poderia citar os mais diversos argumentos para defender minha autonomia, inclusive é pungente minha indepedência em relação ao autor, uma vez que o elo primordial do ato somente se consuma com o leitor. Digo mais: ambos, autor e leitor, assumem papéis igualmente essenciais, ainda que, em dias tão individualistas, o leitor tenha passado por dias difíceis, sentindo-se inferior e inseguro diante de tantos holofotes jogados em cima do autor.
Há quem diga que meu despertar auto-consciente somente se tenha dado a fim de que eu possa, digamos, colocar as coisas em seus devidos lugares. Mas deixarei por ora essa questão de lado, haja vista que eu me sinto forçado, antes de mais nada, a defender minha própria condição. E antes que eu prossiga em minha defesa, tenho que admitir que isso tudo encerra, ao menos para mim, uma questão inabrandável: Meu grito existencial não seria o ato individualista por excelência?
Você leitor, terá que chegar à sua própria conclusão.
De qualquer maneira, eis minha defesa: Um texto literário, penso eu-texto, é uma forma de comunicação com você leitor, que estabelece um vínculo profundo, pois, esse vínculo é também constituído por sua própria consciência que confere à mim peculiaridades de sua natureza. Eu e você formamos uma simbiose indissociável de nossas individualidades.
Não me venham meus concorrentes, quais sejam quaisquer outros objetos que possam ser apreendidos por seu conhecimento, me acusar de auto-promocão e de arrogância. A televisão, obviamente que também enquanto é apreendida por você, carrega os traços de sua personalidade, entretanto, é tudo muito mais acabado, e a facilidade que primeiramente possa te cativar, acaba por limitar seu poder de imaginação.
Fui longe demais, dirão alguns.
Com a minha experiência, que tenho tratado esses anos todos com os mais diversos homens, escritores e leitores, eu diria que, ainda que hajam outras formas de comunicacão – verbalizada, visualizada, ouvida, e outras que misturam as duas anteriores, as três ao mesmo tempo – eu estabeleça relações mais intelectualizadas.
Sou também mais democrático, atendo aos pobres, aos ricos, aos hipócritas, aos justos, aos mentirosos, aos ditadores, enfim, a todos aqueles que pensam, pois mesmo os analfabetos podem ser autores de mim, basta que alguém escreva as palavras ditadas.
Para aqueles que estejam jogando baixo comigo, pensando em termos artísticos, nas outras formas de arte; uma vez me escreveu Hegel de mim:
“ a Plástica é o signo do Espírito. Ela exprime a vida criadora, mas paralisada pelo tempo e pelo espaço. A música, ao contrário, revela-nos diretamente o movimento íntimo da alma, com seus desejos e sentimentos eternos e sua aspiração ao infinito. A poesia, finalmente, é a Música plástica. Ela pinta e esculpe por meio de frases dotadas de mobilidade e por sons que se sucedem, harmoniosamente ritmados. Ela é a arte suprema e exprime o pensamento por imagens.”
Se você me achar um pouco maçante, perdoe-me, é que senti uma irresistível vontade de falar de mim... pois desde que me descobri enquanto tal, tenho sentido uma certa angústia indefinida por palavras escritas.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Mais umas impresssões... : Brasília

07 de setembro de 2009:

11:59 hs: Um mundo menos neurótico seria menos corrupto.

Estive em Brasília na última semana pela primeira vez desde a infância. Afora o projeto arquitetônico de Niemayer, a impressão que ficou é de uma cidade brega. Só lá há um restaurante pretensioso com almofadas de oncinha e zebrinha nos bancos acolchoados das mesas.

O estigma e preconceito de cidade de funcionários públicos e políticos e ratos de gabinete e outros oportunistas se confirma em parte. Curioso como essas figuras agregam o vazio ético e moral ao seu aspecto físico – gordos de ganância e pobres em beleza. São apressados e não perdem tempo divertindo-se – trabalham muito mais que todos os outros, pois não vêem graça em nada mais.

Em minha última noite, na quarta-feira, quando fui conhecer tarde da noite o terraço do hotel que me disseram dava uma bela vista da cidade, conheci um senhor muito rapidamente que me tocou. Raro - um homem aberto para o outro, para os encontros – e conversamos por apenas 10 minutos naquele terraço sobre a cabeça de tantos ratos que se hospedavam naquele velho hotel em Brasília.

domingo, agosto 30, 2009

Mais umas impressões...

Domingo, 30 de agosto de 2009:

21:36 hs:

No domingo o sofrer da gente é exposto às suas entranhas – surtos de pânico e ansiedade vicejam nas casas das famílias concentradas na eficiência da vida saudável e profissional. Descansamos de nossas vidas e o ciclo dos dias úteis e finais de semana se inicia mais uma vez.


quinta-feira, agosto 27, 2009

Mais umas impressões...

Quinta-feira:

22:20 hs: A temperatura subiu por estes cantos da terra.

Hoje um homem bateu o carro numa árvore na avenida abaixo de meu escritório – e um curioso passando pela rua me disse, sem que tivesse perguntado, que o motorista estava falando ao celular e se distraiu ao sair ao sair da avenida.


Na rua em frente do prédio em que moro prostitutas e viciados se envolvem em brigas aos gritos por dinheiro, sexo e drogas. Ora um viciado pede seus deiz reais de volta da prostituta surda e grita; ora dois se engalfinham no meio da rua pelo bagulho – um bagulho a mais. Na cama o apito do trem que passa de manhã, de tarde e no meio da madrugada me consola de minhas dúvidas – um ponto final.

23:08 hs : A mais nova moda entre a juventude cool é juntar os amigos queridos para um passeio de barco regado a muita maconha e vodka. Entre as águas, os corpos malhados e sorrisos de plástico, divertem-se e consomem-se; eis que um deles sente-se injuriado e desabafa toda sua angústia diante da alienação vazia em que se meteram - acontece. Esses semblantes simpáticos sugerem alguma coisa...

terça-feira, agosto 25, 2009

Mais umas impressões... (início)

Começarei a divulgar aqui pequenos textos sobre minhas impressões diárias, datadas e com os horários, pois sinto que isso servirá de guia para mim, mesmo eu não sabendo ao certo como. Tentarei, ao menos...


Mais umas impressões...

Contemporâneas

Terça-feira:

20:19 hs : Vou acabar com isso; tudo que me amarra e me faz refém desta situação em que me encontro. Entendi-me homem no sofrer por COISAS inexplicáveis e inexprimíveis – e não foi escrevendo que consegui dizer o que não-tem-nome queria dizer. Durante o dia trabalhei que nem um camelo – senti sede, mas poderia continuar por muito tempo ainda. Vou tentar apontar o que me sufoca: os compromissos que assumi, para mim apenas, com coisas pequenas como o pão nosso de cada dia; a preguiça e o medo de ousar sair de tudo que me é tão cômodo, medo de frustrar e do que pode acontecer aos outros queridos.

Há um cheiro diferente no ar hoje, por isso e com isso comecei a escrever. Estas impressões poderão não ser belas, mas é a sonda de meu ser que está funcionando – e isso vai ser mais precioso do que o belo.

22:31 hs : Nos jornais o assunto-mor é mais um escândalo político – e este enfastiamento é de alguma forma conseqüência e causa da apatia não-vigilante que tomou conta de nós. A preocupação de cada dia é transferida para os políticos e isso os absolve. Walter Benjamin, o filósofo, disse que a preocupação é a doença própria do capitalismo – ele estava certo!