quarta-feira, janeiro 31, 2007

Vidente do amor

Vi o seguinte anúncio num poste da Avenida Pacaembu em São Paulo: “Vidente do amor. Conquiste a pessoa amada. Pagamento após resultado.”
Não pude deixar de ficar matutando nisso.
Primeiro que meus conhecimentos místicos dizem que vidente é aquele que tem a capacidade de prever o futuro, possui a mediunidade de vislumbrar acontecimentos antes mesmo de tornarem-se fatos. Acontece que o tal anúncio sugere que a nossa vidente fará com que a pessoa desejada se apaixone pelo seu cliente, e isso não é vidência, e sim, (como devo chamar?) mandinga, bruxaria, simpatia. Devo aconselhá-la a atualizar seu anúncio. Talvez: “Simpatia do amor”, “Bruxa do Amor”ou até mesmo, “Mandingueira do amor”.
Mas o melhor de tudo é que o pagamento está condicionado aos resultados. Como assim? O cliente (mal amado) assina uma promissória que tem o pagamento condicionado à conquista do fulano de tal, RG n˚ tal, endereço tal? Ou a vidente confia tanto em seus poderes, a ponto de que seus clientes voltarão felizes ao seu consultório (como é o nome do local em que a vidente atende?) com o cheque na mão e o sorriso de satisfação no rosto? Óbvio, com seus poderes mediúnicos ela enxergará o que está acontecendo realmente e então cobrará seus clientes. Ou será que a explicação está em seu anúncio? Como ela é uma vidente do amor, ela faz antes a simpatia e logo em seguida uma previsão dos resultados, e em caso de previsão de sucesso o cliente realiza o pagamento? Ora, não deixa de ser um pagamento após o resultado, já que seus poderes lhe permitem que possa trazer os resultados futuros para o presente.
Pensando melhor, fico com a opção de que a tal vidente, ou melhor, a mandingueira, estabelece uma exemplar relação de confiança com seus clintes, e obviamente, autoconfiança em seus poderes, que não deixa de ser uma lição para nós, desconfiados.
Aliás, desconfiança certamente prevista por nossa mandigueira, e talvez “trabalhada” por ela, uma vez que isso tenha aumentado seus potenciais clientes consideravelmente, com tantos solteiros por aí a conquistarem seus amores.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Não tenho nada para dizer...

Na verdade, não tenho o que dizer, e ainda que eu tenha procurado...
Não consigo aproveitar meus insights depois que a minha "cura" passa. O outro dia de manhã, é um outro dia: a consciência está domada por simples tarefas cotidianas, e o dia anterior nem chega a ser uma lembrança levado que é no turbilhão!
Não tenho o que dizer, mas acho que disse.

suspeitinha

E agora vem todo mundo criticar as autoridades brasileiras que investigam o acidente que envolveu o Boeing da Gol e o Jato Legacy por terem suspeitado precocemente dos pilotos americanos.
Ora, suspeitas são suspeitas simplesmente porque o são. Não há porque suspeitar do Clodovil como responsável pelo acidente, pois até onde nós saibamos, este não é piloto de avião nem sequer sobrevoava aquele espaço aéreo, muito embora tenha decolado nas últimas eleições, aliás, suspeitamos sim dos homossexuais como responsáveis por elegê-lo. Frise-se, apenas suspeitamos.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Modernidade e cidadania (breve reflexão sem juízo)

Um texto do Caderno de domingo do Estadão, o Aliás, entre outras assertivas, defendia a tese de que a modernidade desvaloriza a cidadania. Ora, o que entendo por modernidade não pode estar desvinculado do consumismo exacerbado e do individualismo desses tempos.
Cidadania é a qualidade do indíviduo de direitos perante a coletividade, diante do Estado enquanto governante. É através dos direitos de cidadão que o indivíduo se enxerga e se compreende pertencente à coletividade.
O homem moderno, gerador e consumidor de riquezas, projeta no consumo todas suas expectativas e frustrações, e o traz para todas as esferas de sua vida, e para citar um exemplo, basta observar a relação que um drogado numa festa rave estabelece com a droga; esta, alçada à condição de objeto de consumo privilegiado, aliás, algumas delas tornando-se verdadeiras marcas, cada uma com seu próprio logotipo e apelo.
Já o individualismo é mais difícil de perceber. Não é fácil para nós, dessa geração pós anos 60, perceber o quanto individualistas somos, simplesmente porque não conseguimos conceber qualquer outra maneira de agirmos, uma vez que o capitalismo nos obriga (aqui cabe lembrar que o homem é soberano e portanto, não é absolutamente obrigado a nada) a produzir riquezas sem as quais nos sentimos tolhidos de uma liberdade que na verdade não é liberdade - um homem verdadeiramente livre pode conceber suas próprias verdades, seus próprios conceitos, e assim, posso afirmar que a verdadeira liberdade é aquela praticada em nossos pensamentos.
Ora, não é difícil se convencer que um homem, focado em seu poder de consumo, em êxtase com as delícias do pragmatismo e conforto modernos - e num raciocínio quase absolutamente simplista - e assim voltado inteiramente à sua individualidade, não se importará com a coletividade e portanto não terá condições de exercer cidadania.
Nosso desafio é conseguir conjugar modernidade e cidadania.