quinta-feira, março 22, 2007

Maria Antonieta

Sexta passada fui ver o novo filme da Sofia Coppola, Maria Antonieta. Importante deixar claro que sou suspeito para falar de seus filmes - me encantei desde logo com seu primeiro filme, o sombrio "Virgens Suicidas".
Depois veio "Encontros e Desencontros" com suas sutilezas profundamente humanas.
E agora, a estória da jovem princesa austríaca que foi enviada para casar-se com o futuro rei da França, e que acabaram sendo decapitados pelos revolucionários de 1879.
Sofia mistura um visual de filme de época com edição moderna, música clássica com rock contemporâneo, para nos mostrar a face humana desta rainha cercada de lendas, especialmente a de que, diante dos miséráveis enfomeados exigindo pão, mandou-lhes que comessem brioches, expondo ao ridículo a alienação em que vivia. Claro, Maria Antonieta era acusada de viver uma vida de luxos exorbitantes numa época em que o reinado estava em crise, e o império caminhava para a ruína. A mistura de elementos clássicos, a fotografia, a música, causam um efeito interessante e a face humana de Antonieta se revela, da mesma forma que os jovens milionários das grandes metrópoles que caem numa balada sem fim também são seres humanos frágeis, críticos às vezes e desprezíveis noutras.
Não é um filme qualquer...

segunda-feira, março 12, 2007

Chapeuzinho Vermelho na Linha Amarela

Caros leitores:

O texto abaixo é a colaboração de mais um... engenheiro, especialista em grandes obras de construção civil, o qual nos presenteou com a seguinte análise do trágico acidente nas obras da Linha Amarela do Metrô.
Ele será designado neste e em futuras colaborações, como: Mais um... engenheiro.
Chapeuzinho Vermelho na Linha Amarela

Passado já algum tempo, não temos a solução para o caso da Linha 4 do Metrô de São Paulo e nem os culpados de tal desastre. Como tudo no Brasil, os problemas não se resolvem e, ainda mais, são postergados até que o povo se esqueça. E como mero observador preocupado com a justiça de nosso país, arrisco dar um palpite sobre tal tragédia.
Sabe de quem é a culpa do acidente? É claro, a culpa é do contrato. Parece brincadeira, mas sim, a culpa é de um maço de papéis. Lógico que papel não fala, não ouve, mas carrega conteúdo. Conteúdo de suma importância para as partes envolvidas.
A engenharia brasileira, bem reconhecida no mercado globalizado, busca a atualização para se manter competitiva neste segmento. E nada melhor do que copiar e seguir modelos e paradigmas do primeiro mundo. Contratos de preço global “turn key”, modelos EPC “Engineer, Procurement & Construction” para gestão de projetos que consiste na total coordenação das atividades em empreendimentos como elaboração de projetos, construção, fiscalização, sistemas construtivos e de qualidade, ou seja, tudo mesmo é operacionalizado por quem apresenta o menor preço nas licitações. Não é de se estranhar que tudo é muito lindo e claro na teoria, mas será que funciona no nosso Brasil?
Para quem não sabe, obras grandiosas com esse mesmo tipo de contrato também apresentaram sérios problemas como Hidrelétrica de Campos Novos – SC e Complexo Energético Rio das Antas (CERAN) – RS, mas não houve divulgação pois não houveram vítimas fatais. Que hipocrisia, não?!!!
Costumo comparar este problema a outro exemplo determinante em nossa trajetória política. Nossa querida e amada “Democracia”, importada também de nossos primos ricos. Será que o Brasil está ou já esteve algum dia preparado para tal “Democracia”?
Como um povo, em sua quase totalidade analfabeta, consegue opinar alguma coisa ou escolher seus representantes políticos, se estes não têm interesse na evolução e desenvolvimento cultural de seu povo? Não existe interesse para investimentos na Educação, pois se a população estivesse preparada e educada, não escolheria os mesmos para representá-la.
Seguir exemplos e modelos que deram certo, nem sempre são as melhores soluções. Como na lenda de Chapeuzinho Vermelho, ir pelo menor caminho nem sempre significa seguir pelo caminho mais seguro.