quarta-feira, dezembro 12, 2007

Não aguento mais!

Não aguento mais propagandas de carros acelerando em montanhas ensolaradas, roubando vaga num estacionamento (aí é demais né), correndo na cidade para levar a noiva atrasada ao casamento - não aguento mais propagandas de cervejas e as mulheres saradas gostosas na praia e os "bombados" e os velhinhos barrigudos simpáticos não dá mais - não aguento mais propagandas de perfumes e as mulheres mais lindas em festas sombrias tirando a roupa e a voz em off em francês - não aguento mais propagandas de sandálias e as gostosas e os gostosos em comicozinhos desencontros em paqueras sem graça - não aguento mais propagandas de bancos e as mensagens de paz e a consciência ambiental e as razões e as famílias e os amigos felizes!!!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Amadurecendo

É engraçado observar a mudança de idéias pela qual passamos na transição da adolescência para a vida adulta....

Na adolescência, no bojo dos questionamentos a tudo e as crises existenciais, há sim (inevitável citar isso) as ilusões inocentes em mudar o mundo - mas sobretudo, questionamentos quanto ao que realmente queremos para nossas vidas em relação à trabalho e relacionamento amoroso; e interesse em questões importantes para a sociedade como um todo - a "dor dos outros" (Susan Sontag)... Especialmente, e para alguns, a chegada da adolescência coincide com a formação de uma visão crítica que muito faz falta à sociedade em geral - ainda que seja uma visão crítica em relação a assuntos prosaicos, como sobre a vida de uma amigo qualquer ou sobre a vida de um parente. Por mais prosaico que possa parecer, a visão crítica de um contamina o outro que contamina o outro e assim por diante.

Mas é curioso notar como esse senso crítico às vezes dá lugar ao conformismo e à leniência. E ver alguns agora se comportarem como consumistas acéfalos focados apenas no trabalho para mais acumular e gastar em shopping centers e carros e motos e mansões estilo "clean" brancas de piso frio e linda paisagem - com seus cachorros de quem mais gostam do que seus próprios filhos! Ops.

Sim, amadurecer é bom, mas emburrecer...

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Philip Roth

Estou lendo mais um livro de Philip Roth, "O Homem comum".

Nunca havia me identificado tanto com um autor - e talvez muitos dos homens da minha geração se identificam ou se identificariam com ele. Sua narrativa é simples e sofisticada, e em alguns de seus livros ele trata de questões velhas num contexto contemporâneo (como a obsessão sexual potencializada pela ditadura dos corpos perfeitos e pela liberação sexual) com muita inteligência e ironia. Seus personagens são escravos da carne mas não são autômatos boçais e psicóticos; não estão percorrendo o submundo no encalço de qualquer mulher que surgir à sua frente. São pessoas normais com suas fantasias, angústias e ressentimentos.

2 personagens principais dos 3 livros que li, são publicitários bem sucedidos vivendo sob a mesma contemporaneidade em que vivemos, e isto quer dizer tudo o que vocês sabem muito bem. Um deles está no ocaso da vida, após 3 casamentos, 3 filhos e um caso com sua enfermeira, e ao mesmo tempo em que passa em revista os mais marcantes fatos de sua existência, no presente se depara e enfrenta a chegada da velhice e a iminência da morte. Um homem que sacrificou um relacionamento sólido e maduro em nome do êxtase da carne, vê-se agora diante da finitude e o perecimento dos corpos...

Ah, falar de nós, Philip Roth sabe falar como ninguém.