quarta-feira, abril 23, 2008

Um presente roubado

Assisti a "Um beijo roubado", em inglês, "My blueberry nights", o novo filme de Wong Kar Wai, seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos. Um dos temas e uma das narrativas paralelas ao enredo-pilar é a do apaixonado que não consegue se libertar do antigo amante, e vive sem viver como um errante obcecado pelo passado.
Este sub-tema ou sub-trama - como preferirem (afinal leitor, você é quem sabe tudo!) - é inclusive um dos pontos fortes do filme, com atuações empolgantes dos atores, a mais conhecida, Raquel Weisz.
Mas não é para dar minha impressão do filme que resolvi escrever este, motivado na verdade por outra coisa, por esses escravos do passado acorrentados por um sentimento que alimenta e sufoca. Pois dias desses encontrei um "desses" numa situação insuspeita - numa reunião de negócios dessas de mais de 3 horas, com um representante de empresas de cartões para postos de gasolina, que percorre de Porto Alegre a Rio Branco em poucos dias, e todos os dias na estrada de postos em postos, de restaurante em hotéis baratos de beira de estrada. Num breve momento de pausa, eis que olhando pela janela numa tarde escura, quando eu esperava que ele falasse de uma idéia para o projeto em discussão, ele diz, com um ar distante:

- Só me resta trabalhar nessa vida... O céu é cinza!

Não entendi.

- Ninguém sabe porque ela me deixou!

A reunião logo acabou e no café ele me disse que se referia a uma mulher que o havia deixado há 10 anos atrás, e que, desde então nunca mais havia se relacionado com outra mulher. Hoje ele tem apenas 35 anos...

Mas ele não deseja ou por qualquer motivo não a esquece... E eu me pergunto se isso é amor ou loucura.


terça-feira, abril 15, 2008

Definição: Yuppie

Não sou tão velho assim, e já há algum tempo que não vejo a palavra yuppie... muito usada em sentido pejorativo.

Para quem não conhece, aí vai a definição do Houaiss:

Diz-se de ou jovem executivo, profissionalmente bem remunerado, e que gasta sua renda em artigos de luxo e atividades caras.


quarta-feira, abril 09, 2008

Caveirão: breve descrição

Na revista Piauí de abril, saiu uma curiosa matéria sobre os "caveirões", também conhecido como VBTP (Veículo Blindado de Transporte de Pessoal), descrito da seguinte maneira:

"Por dentro, a caixa preta de 3 metros da altura e 5 metros de comprimento se revela mais compacta que o esperado. Diante de um painel parecido com o de um carro comum, há 2 bancos de couro sintético e a caixa de marchas. No teto, um rádio transmissor novo. Entre as duas portas laterais, um vão amplo e alto permite que policiais fiquem de pé sem tocar o teto. De onde, através de pequenas aberturas, se pode disparar para todos os lados. No fundo, perpendicular à porta traseira, um banco de assento curto tem 8 lugares. O chão é recoberto por uma chapa metálica antiderrapante, e as paredes dispõem de mais de vinte buracos para que os policiais coloquem o cano de suas armas para fora e atirem. As janelas são pequenos retângulos com vidro à prova de balas. O pára-brisa leva a proteção de uma chapa de aço que, além de reduzir o campo de visão do motorista, diminui pela metade a luminosidade do carro. Escuro e sem ar circulante, o espaço é claustrofóbico."

Há 12 desses "caveirões" circulando pelas favelas cariocas.

Não, não tenho nada para dizer a respeito - é só por curiosidade mesmo!

segunda-feira, abril 07, 2008

Afinidades

"Muitos livros devem o seu sucesso à afinidade entre a mediocridade das ideias do escritor e as do público."


Ao ler a frase acima, sim, de novo ele, Sebastien-roch de chamfort, logo me veio à cabeça o sucesso de Paulo Coelho - uma literatura superficial para leitores em busca de uma espiritualidade superficial.
E não é só para os livros ou para as artes em geral que a mediocridade é ingrediente para o sucesso - infelizmente no âmbito da política muitos candidatos são eleitos graças à afinidade entre a ignorância profunda do candidato e do público. Vide bula, ops, vide Lula!