quarta-feira, novembro 08, 2006

O prazer em ler os clássicos

Estou lendo “Em Busca do Tempo Perdido” de Marcel Proust, uma das maiores obras literárias da Literatura Francesa, comparado ao nosso “Dom Casmurro” de Machado de Assis, e ao que representa “Ulisses” de Joyce para A Literatura Inglesa. Daqueles livros que muitos conhecem mas poucos leram – eu mesmo ainda não li o “Ulisses”, confesso – e para os quais a grande maioria torce o nariz, sem compreender o motivo de sua importância, julgando-os enfadonhos e quase inelegíveis.
O livro de Proust certamente exige um esforço maior do leitor, com seus períodos intermináveis e exaustivos, uma maratona de palavras em estilo rigosamemente construído, que obriga o leitor a voltar inúmeras vezes para bem compreender o sentido pretendido pelo autor.
Proust renega o realismo e nos mergulha num turbilhão de análises psicológicas e enlaces subjetivos, não se confundindo com o fluxo de consciência característico de Virginia Woolf. Mal analisando, Proust nos revela a consciência dos personagens mais em ações do que em pensamentos, enquanto Virginia Woolf, ao contrário, nos revela mais em pensamentos do que em ações.
Voltando ao mote propriamente dito deste texto, tentarei transmitir a você, leitor – missão quase impossível e por isso mesmo arriscadíssima – o prazer em ler as obras literárias em geral, e mais especificamente, os grandes clássicos da literatura mundial.
A fruição de uma obra de arte e a leitura de um livro como “Em busca do Tempo Perdido” e suas minuciosas descrições de lugares, coisas e pessoas, que ao leitor desavisado podem parecer enfadonhas, nos faz viajar dentro de nós mesmos, em identificações insuspeitas e profundas, que nos surpreendem no instante mesmo em que as estamos fruindo, de modo muitas vezes incompreensíveis, intraduzíveis, aliás, inconscientes na maioria das vezes, não nos permitindo sequer poder explicar o fascínio que nos provocam.
Ler nos permite conhecer o outro na plenitude de seu ser, desnudo, destituído dos grilhões que a sociabilização nos submete, o autor focado no mais profundo de sua individualidade, e de tal modo focado no individual e subjetivo, que acaba por se conectar com o que tem de coletivo e universal.
Ler é conversar com pessoas de outras épocas, de outras culturas. É viajar parado como nos prometem os mais fascinantes delírios. E ler os clássicos é empreender as maiores viagens nos mais loucos delírios, guiados pelos maiores Mestres da técnica de transportar espíritos.
Para não ficar apenas em argumentos sutis e coquetes, digo mais: especialmente em dias em que a imbecilidade e a escassez de conteúdo predominam nas ruas, ler os clássicos é uma raríssima oportunidade de se comunicar com pessoas inteligentes, que fogem ao senso comum e nos presenteiam com pérolas de raciocínios, sensibilidades e experiências.

2 comentários:

Anônimo disse...

barbinha, assim q ler o classico da bruna surfistinha vou ler o proust!! apesar de achar proust um saco!!! rs

Mais um... disse...

Puxa Dait, como fui me esquecer dela?