quarta-feira, novembro 01, 2006

Votando em 29 de outubro de 2006

Votar no último final de semana foi um gesto quase banal, desprovido de sentido como o é – pelo menos para mim – um dia como sete de setembro, data comemorativa como outras que diante de nós, cidadãos – mais uma palavra que não me faz muito sentido – a cada ano que passa, simplesmente passa.
Não é o caso do eleitor que não acreditava na vitória de seu candidato, tampouco é o caso do eleitor que não tinha um candidato. Havia uma eleição, havia um eleitor e seu candidato.
Não se trata daquele que não se interessa, que diz ter nojo de política. Também não se trata de apontar o dedo para as mazelas do sistema político. Não faltará quem o faça. Não se trata daquele jovem que busca uma “idealogia para viver”. Dessas já não fazemos idéia. Não há ideologia possível onde não há consciência do “coletivo”. Também não se trata daquele que defende a anarquia, pois nossos governos são desgovernos e nossa “ordem” já é uma desordem.
Saí de casa mais para realizar atividades banais como ir à padaria ou alugar um filme. Entrei no colégio como quem faz um passeio que guarda um sabor mais por encontrar pessoas com as quais normalmente não se cruza. Na fila da minha seção, encontrei um ex-vizinho dos tempos da infância, e conversamos sobre muitas coisas, não de política. Estávamos ali como quem cumpre mais uma obrigação, não um direito.
Um presidente se elege, mas não há com o que sonhar, pelo que lutar. Não há quem defenda princípios ou esboce qualquer reação ao status quo. Um partido há de sair derrotado, mas não há um projeto político derrotado. Não há projeto político num mundo em que não há mais motivos para a vida em comum.
Alguns ficam satisfeitos com o resultado da eleição, mas não ficam felizes – não há perspectiva de felicidade. Outros se dizem revoltados, e deixam claro que as palavras perderam mesmo o sentido. Os conceitos esvaziaram-se.
Voltei para minha casa, mas não estava interessado no desempenho de meu candidato. Liguei a televisão, e o assunto era eleição. Que eleição? Mais políticos discursando, mais análises...

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